O aleitamento materno é, sem dúvidas, a melhor escolha
de alimentação para bebês, pois, além de possuir nutrientes necessários à saúde infantil, os
movimentos de ordenha realizados pela criança favorecem o crescimento e o desenvolvimento
harmônico das estruturas orofaciais (1-2).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que recém-nascidos sejam alimentados exclusivamente
com leite materno até os seis meses de vida. E que, mesmo após a introdução dos primeiros
alimentos sólidos, sigam sendo amamentados até, pelo menos, os 2 anos de idade (3).
Devido à prematuridade e situações clínicas adversas, os Recém-nascidos Prematuros acabam
por iniciar sua alimentação por via endovenosa – nutrição parenteral total - ou através da
utilização de sondas enterais até possuir estabilidade clínica, atingir maturidade
gastrointestinal e ser capaz de manter coordenação adequada entre sucção/deglutição/respiração (4).
Sabe-se também que a utilização prolongada de sondas pode alterar a coordenação sucção/deglutição/
respiração desses bebês(5).
Deste modo, a transição da alimentação da via gástrica para a oral constitui uma grande dificuldade
para o binômio mãe-filho, por ser uma mudança importante para um bebê que ainda não estava preparado
para nascer.
O início da transição, tornando-se “o período em que se inicia a alimentação por via oral até sua
aceitação completa pelo prematuro”(6).
Não existem critérios estabelecidos para iniciar a alimentação oral, porém de forma geral, esta
decisão baseia-se no peso e na idade gestacional corrigida. É necessário, entretanto, que sejam
considerados também outros fatores como estabilidade clínica, habilidade de sucção, balanço
calórico e critérios comportamentais (reflexos orais presentes e estado de alerta mantido) (5-7).
Para os recém-nascidos prematuros, impossibilitados de serem
amamentados no seio materno ou que não possuem condições de sucção pela própria imaturidade, a orientação
é que recebam o leite por meio do copo/xícara, conforme recomendação da OMS (8).
Frequentemente o recém-nascido prematuro apresenta dificuldades na alimentação devido à
imaturidade para sugar e por incoordenação das funções respiração/sucção/deglutição, entre
outros problemas (9-10).
Consequentemente há necessidade do uso de via alternativa de alimentação, alimentação
complementar e internação hospitalar por tempo prolongado. No contexto da imaturidade global
desses pacientes, inclui-se também a imaturidade da biomecânica da deglutição e a condição
gástrica, podendo gerar problemas com relação aos métodos e ao tipo de alimentação (11).
Até que o bebê consiga ser amamentado no peito, é aconselhável alimentá-lo através do uso de
um copinho ou xícara, pois evita que o bebê se acostume com o bico da mamadeira.
De preferência, alimentar o bebê com o leite materno (11).
A OMS divide o aleitamento materno nos subtipos:
Aleitamento materno exclusivo (AME): Envolve oferecer à criança apenas o leite materno, seja por sucção direta da mama ou por ordenha manual, sem que haja adição de outros líquidos ou sólidos.
Aleitamento materno predominante (AMP): Quando é oferecido à criança água, sucos ou outras bebidas, porém sem deixar de lado o aleitamento materno, que deve ser feito de forma predominante sobre as outras bebidas.
Aleitamento materno: Oferecer leite materno, independentemente de outros alimentos.
Aleitamento materno complementado: Quando, além do leite materno, há a inserção de alimentos sólidos ou semissólidos de forma complementar e não substitutiva.
Aleitamento materno misto ou parcial: Oferecimento de leite materno e outros tipos de leite (vaca, etc.).
• Proteção contra câncer de mama;
• Melhora a digestão e minimiza as cólicas;
• Menor risco de obesidade, hipertensão, diabetes
e hipercolesterolemia para a criança;
• Promove melhor desempenho cognitivo;
• Estimula e fortalece a arcada dentária;
• Auxilia no desenvolvimento da cavidade bucal;
• Se torna um contraceptivo natural para as mães;
• Reduz risco de alergias e infecções na criança;
• Reduz risco de morte súbita;
• Fortalece o vínculo entre a mãe e o filho.
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Principais desafios à manutenção do aleitamento materno
Intercorrências na glândula mamária:
• Ingurgitamento mamário: causado em grande parte pela estase de leite na glândula. Pode ser tratado com a
realização de compressas mornas e evitado com a ordenha de leite e amamentação até esvaziar a mama;
• Traumas mamilares: Pode ser causada como consequência de uma pega incorreta. Pode causar fissuras/bolhas
mamilares, muito dolorosas à mãe. O bebê pode vomitar sangue como consequência da ingesta do mesmo durante o
ato de amamentação e dificultar o diagnóstico clínico. As fissuras podem ser tratadas com hidratantes à base
de lanolina, com a aplicação do próprio leite materno no local e com banho de sol. Estas medidas favorecem
uma boa queratinização no local lesado;
• Mononilíase mamária: Candidíase mamária. Causa prurido, dores profundas (fisgadas) e queimação nas mamas,
que persistem após as mamadas. Deve ser tratada com antifúngicos;
• Mastite: Infecção aguda da mama, tendo como principal agente etiológico o Staphylococcus aureaus.
Deve-se dar preferência à amamentação com a mama sadia, sempre tendo o cuidado de ordenhar a mama doente
para evitar ingurgitamento mamário, usar sutiãs de alças largas e utilizar antiinflamatórios ou analgésicos
para alívio da dor;
• Abcesso mamário: Geralmente é complicação de uma mastite não tratada. O tratamento definitivo consiste
na drenagem cirúrgica do abcesso e avaliação da necessidade de antibioticoterapia.
O leite deve ser armazenado em um recipiente próprio, selado e esterilizado. O ideal é que não sejam cheios por completo, e que a data de ordenha seja anotada junto ao frasco. Pode ser armazenado na geladeira por até 24 horas, ou no congelador por até 2 semanas. Caso seja armazenado a fresco, sua armazenagem dura por 6 horas. Não é indicado seu aquecimento utilizando micro-ondas, podendo ser feito em banho-maria para evitar alteração em sua composição.
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1 ARDRAN GM, KEMP FH, LIND J. A cineradiographic study of bottle feeding. Br J Radiol 1958;31:11-22.
\ CATTONI D. M., NEIVA F. C., ZACKIEWICZ D.V., ANDRADE C.R.F. Fonoaudiologia e aleitamento materno:
algumas contribuições. Pro Fono R Atual Cient 1998;10:45-50.
] Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica.
Saúde da Criança: aleitamento materno e alimentação complementar [Internet]. Brasília: Ministério
da Saúde; 2015.
4 SCOCHI C. G. S., GAUY J.S., FUJINAGA C.I., FONSECA L.M.M.,ZAMBERLAN N. E. Transição
alimentar por via oral emprematuros em um Hospital Amigo da Criança. ActaPaul Enferm,
2010; 23(4):540-5.
5 MEDEIROS A.M.C., OLIVEIRA A.R.M., FERNANDES A.M.,GUARDACHONI G.A.S., AQUINO J.P.S.,
PINTO R.M.L., ZVEIBIL N.M.,GABRIEL T.C.F. Caracterização da técnica de transição da
alimentação por sonda enteral para seio maternoem recém-nascidos prematuros. J. Soc.
Bras.Fonoaudiol, 2011; 23(1):57-65.
6 SCOCHI C.G.S., FERREIRA F.Y., GÓES F.S.N., FUJINAGA C.I.,FERECINI G.M., LEITE A.M.
Alimentação láctea e prevalênciado aleitamento materno em prematuros durante ainternação
em um hospital amigo da criança de RibeirãoPreto-SP, Brasil. Ciênc Cuid Saúde, 2008;
7(2):145-154
7 NASCIMENTO M.B.R., ISSLER H. Aleitamento materno emprematuros: manejo clínico
hospitalar. Jornal dePediatria, 2004; 80(5):163-171.
8 LANG S., LAWRENCE C.J., ORME R.L. Cup feeding: an alternative method of infant feeding.
Arch Dis Child 1994;71:365-9.
9 BEHRMAN RE, SHIONO PH. Neonatal risck factors. In: Fanaroff AA, Martin RJ (editors).
Neonatal perinatal medicine. 9th ed, St.Louis: Mosby; 1997. p. 3-12
10 KOCHENOUR NK. Obstetric management of multiple gestation. In: Fanaroff AA, Martin RJ
(editors). Neonatal perinatal medicine. 9th ed, St.Louis: Mosby; 1997. p. 289-94.
11 XAVIER C. Assistência à alimentação de bebês hospitalizados. In: Bassetto MA, Broke R,
Wajnsztejn R (editors). Neonatologia: um convite à atuação fonoaudiológica. São Paulo:
Lovise; 1998. p. 255-75.
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